Os Meus Artigos

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ouvi dizer...

...que estamos num país tropical!

E, numa fracção de milionésimos de segundo, revi e recordei o ambiente e as temperaturas das ilhas Caribeñas. Certo dia, na ilha de Barbados, amanheceu um pouco mais fresco do que no dia anterior em Santa Lucia. Muitas nuvens baixas, de repente um vendaval, de seguida uma trovoada, uma carga d'água, tempestade em terra e no mar... passados uns instantes, sol descoberto e, calor, muito calor. Aquilo secou tudo enquanto o diabo esfregou um olho e se eu não estivesse ali, não assistisse áquilo tudo, provavelmente duvidava que fosse possível.

Ao que parece, o nosso Portugalito anda armado em ilha paradisíaca. Pena ser só em termos de clima porque no que toca ao essencial e fundamental para uma razoável qualidade de vida... já todos sabemos... nicles! Prudentemente falando, só para alguns!

Bom, mas eu prometi a mim mesma que de certos assuntos nunca iria falar aqui na tasca, embora por vezes me apeteça contrariar este propósito e esvaziar as entranhas, dizendo de minha justiça e aliviando a alma pelo desabafo, porque de resto, não surte qualquer efeito.

Adiante...

Este clima que se tem feito sentir, proporciona-me mau estar e desconforto, faz-me sentir mole e sem forças, os neurónios derretidos e as banhas intactas, a pele e o cabelo pegajosos...

- Hummm! Já que assim é... bora lá até à beira mar... ver os barcos a chegar ao porto de abrigo e o peixinho ainda a saltar, a sair do mar!

Este barco enorme, do porto de Leixões, atracou no porto da Nazaré. Trazia as redes em cima e, no porão, duzentas caixas de pescaria (mal cheias). Carapau médio e grande, pescada, marmota, faneca e dois ou três pargos que se distraíram e entraram nas redes. A faina havia começado às 03h00 e a chegada fora às 19h00. Contei pelo menos dez homens de pele morena, queimada e gasta do árduo trabalho que é ser pescador. Fiz mentalmente contas de somar, subtrair, multiplicar e dividir... calculei, mesmo sem fazer a menor ideia dos custos, a despesa daquele barco, combustível, manutenção, licenças, seguros, salários... e vi tão pouco peixe, tanta hora no mar.
Depois vai tudo para a lota, é vendido a intermediários, comerciantes, e mais não sei a quem. Todos têm o fruto do seu trabalho/negócio e quando aquele peixinho fresco chega aos nossos pratos, trás tantas alcavalas...

Percebi o porquê do peixe ser tão caro. Tive vontade de pedir para me levarem na próxima viagem. Senti um profundo desejo de viver in loco o lançar das redes ao mar, mais tarde, a sua recolha, escolher o peixe por variedade e tamanho e tantas outras tarefas que têm que ser feitas em alto mar... Tive a vontade, agora tenho um sonho, um desejo profundo que quero muito concretizar.

Já fui de férias num Cruzeiro de Luxo! Agora quero ir à faina num barco de pesca!

Foi o meu fim de tarde, na Nazaré!

7 comentários:

Ana Maria disse...

Também costumo ir ver a descarga dos barcos para a lota de Nazaré. É de facto uma vida ardua, a de pescador. Conheço vários na Nazaré, pescadores locais, de barcos mais pequenos que esse, que dizem que já não há peixe no mar. Saem todos os dias e trazem uma niquiçe de peixe que não paga o gasóleo.
Jnhs

Sissamar disse...

Se calhar fazia bem a certos senhores irem tb uma noite para a faina! Podia ser que as coisas mudassem um bocadinho para o lado dessa gente que todos os dias arrisca a vida no mar e que tão mal reconhecida é!
Beijinhos
Silvia

Vânia Costa disse...

Como filha de um pescador, neta de outro e sobrinha de uma data deles, durante muitos anos assisti a isso... mas o meu pai levava 20 e tal dias no mar e ficava apenas uns 15 dias por terra... Muito trabalho árduo, muitas noites mal dormidas, muitas horas de espera da nossa parte... é uma vida dura e difícil... e sim, muito mal compensada...
E a realidade é que não há peixe, não há "pão pra boca" e cada vez é mais difícil...

Boa sorte com esse novo desejo... Se o concretizares, depois conta!

Beijinho*

Deia disse...

Um belo fim de tarde! Quando estou de férias tb faço quaestão de ir ver os barcos chegarem. Espero que consigas concretizar esse novo sonho!
bjs

turbolenta disse...

Quem o pesca é quem menos ganha. Os intermediários é que ficam com a fatia mais grossa.
Também gosto imenso de ver a chegada dos barcos ao fim da tarde,á praia onde costumo ir. E assistir depois á selecção do peixe:o melhor (mas o que aparece em menor quantidade), é aquele que levam.
AS sardas enchem a rede. DEixam-nas ficar. Os veraneantes ,munidos de sacos, lá as levam para casa. AS que não são levadas, muitas vezes acabam deixadas ao abandono no areal. NO dia seguinte, as que o mar não levou da areia, acabam por apodrecer, cheirar mal e há então moscas com fartura.
Isto acontece nas praias da Costa da Caparica, nas barbas da POlícia Marítima.
Mas gosto da dança das inúmeras gaivotas á volta da rede, de ver toda aquela azáfama do puxar a rede.
Mas também concordo: a maior parte das vezes o peixe é mesmo muito pouco.
bom fim de semana

Raspas de Laranja disse...

Olá, eu cheguei na terça das Caraíbas, e estava à espera de um tempo mais fresquinha, para me recompor, e eis que deparo com esse clima tropical, como tu mesma dizes. Hoje já está mais normal, e ainda bem.
Então queres ir à faina num barco de perca? deve ser uma experiencia unica. Bjs para todos aí am casa.

Sabores Apurados disse...

Do pouco que sei, sei que há pouco peixe no mar, a calibração, peixe que não podem apanhar devido às cotas impostas pela União Europeia e os malditos intermediários que nada ajuda os homens que andam no mar para nós termos peixe no prato,tenho conhecimento que a sardinha, mesmo no pico do consumo, saí da lota a 50 cêntimos e nos compramos na praça a 5 euros, algo se passa no trajecto da lota à praça. Viva os hipermercados que têm frota própria, que compram em grandes quantidades e conseguem vender sardinha a 2 euros, apesar da mesma ser do Atlântico onde os nossos pescadores vão apanhar. Jocas

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...