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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Danças & Contradanças

Uma das coisas boas dos fins de semana desta época do ano, em particular nos dias frios e chuvosos, é não sair à rua, acender a lareira, desenrolar uma mantinha, enrolá-la à minha volta, pôr no leitor de cd uma música calma em baixo som, estar com a gataria toda em cima de mim a ronronar e... ler!



As sarcásticas histórias de 'Danças & Contradanças' podem ser resumidas em duas palavras - malévolas e maliciosas. Como em muitos dos seus romances, Joanne Harris consegue combinar situações e personagens comuns - e até banais - com o extraordinário e o inesperado. Mais do que nunca, a autora dá largas à sua imaginação e apresenta-nos uma exuberante e prodigiosa caixa de Pandora que contém tudo quanto é extravagante, estranho, misterioso e perverso. De bruxas suburbanas a velhinhas provocadoras, monstros envelhecidos, vencedores da lotaria suicidas, lobisomens, mulheres-golfinho e fabricantes de adereços eróticos, estas são vinte e duas histórias onde o fantástico anda de mãos dadas com o mundano, o amargo com o doce, e onde o belo, o grotesco, o sedutor e o perturbador estão sempre a um passo de distância. 'Danças & Contradanças' é o primeiro livro de contos de Joanne Harris.

Deixo-vos uma parte de um dos contos... hilariante:


Fé e Esperança vão às compras


Há quatro anos, a minha avó foi internada num lar de idosos
em Barnsley. Antes de ela morrer ia lá muitas vezes e essas
visitas estiveram na origem de muitas histórias. Esta é uma
delas.


Hoje é segunda-feira, pelo que lá deve vir outra vez o
arroz-doce. Não é tanto o facto de se preocuparem com os
nossos dentes, aqui em Meadowbank House, mas a habitual
falta de imaginação. Como eu dizia a Claire no outro
dia, há uma infinidade de coisas que podemos comer sem
termos de mastigar. Ostras. Foie gras. Abacate com molho
vinaigrette. Morangos com natas. Leite-creme com baunilha
e noz-moscada. Porquê então esta insistência nos pudins
moles e na carne pastosa? Claire – uma loura mal-humorada,
sempre a mascar pastilha elástica – ficou a olhar para
mim como se eu tivesse enlouquecido. Na opinião delas, os
pratos extravagantes desarranjam o estômago e Deus nos
livre de estimular em demasia as papilas gustativas que nos
restam. Vi Hope arreganhar um sorriso ao meter na boca
a última garfada de torta e percebi que tinha ouvido o que
eu disse. Hope pode ser cega mas não é nenhuma pateta.
Faith e Hope. Fé e Esperança. Com uns nomes como os
nossos, podíamos ser irmãs. (...)

Foi assim que ocupei os meus tempos livres do passado fim de semana, entre os contos fantásticos da Joanne Harris, repletos de imaginação!



3 comentários:

Abóbora Amarelinha disse...

os miaus dessa casa são um espectáculo...já sabem ler, a minha cadelinha tambem já leu as listas telefónicas que eu tinha aqui numa parteleira, deixei-a no escritório 1 horita, tive o cuidado de afastar cadeiras para ela não puder subir para lado nenhum, deixei uns papalitos no balde do lixo para brincar, mas esqueci-me que tinha as listas telefónicas na parteleira de baixo e ela entreteu-se a ler.
beeeeeeijos

Susana Ferreira disse...

Já li e adorei, como todos os outros dessa autora. Sou fã!

Cininha disse...

Sou fã dessa autora, já li todos e esse tenho assinado por ela, mas não foi o que mais gostei :-)

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