... de tal modo que o estômago desata a roncar e a visão a toldar, há que dar cabo dela! *
A hora de jantar aproximava-se a passos largos! Nada preparado, nada descongelado, nada destinado. A vontade de me atirar a umas belas fatias de queijo e outras tantas de pão era mais que muita. Mas resisti, e disse:
- Não! Não te atiras a petiscos!
Uma inspecção ao frigo e os olhos cairam em cima dos tomatinhos cereja (ninguém se magoou). De seguida, inspecção ao stock da engorda e os olhos desviaram-se do pão e bateram de frente com um pacote de arroz selvagem estacionado mesmo ao lado de uma pilha de latas de atum e, também ninguém saíu magoado nem foi preciso chamar a assistência em viagem porque estes olhinhos continuaram a viagem sem provocar nem sofrer danos. Saídos dali, daquele local apinhado de ingredientes, tomaram o caminho do armário das frigideiras, wok's e demais utensílios anti-aderentes e sempre com a ajuda das mãozinhas, resgataram uma frigideira de tamanho médio que estacionou logo em cima do bico do fogão.
- Ai que até tremo! E o que é que eu vou fazer com isto?
A luzinha azul da emergência atravessou a cozinha de um lado ao outro. Rodou e piscou umas três vezes.
- Oh não! Alguém chamou a polícia! Mas não aconteceu nada...
Olho em volta e deparo-me com um valente aceno da colher de pau.
- Duhhh!!! Não vês que foi um flash que te atravessou o pensamento... - a colher de pau a gozar comigo - vá mulher faz lá isso depressas qu'ainda desmaias!
- E o que é que eu vou chamar a isto?
- Chama-lhe, chama-lhe, sei lá... chama-lhe...
SALADA SELVAGEM
arroz selvagem qb
10 tomatinhos cereja
1 lata de atum em azeite
1 pitada de sal
cebolinho qb
Coloquei um tacho com água e uma pitada de sal ao lume. Quando ferveu, deitei o arroz que deixei cozer em lume alto. Retirei, escorri e passei por água fria. Reservei.
Na frigideira, deitei um pouco do azeite do atum. Juntei os tomatinhos cortados em quatro e deixei cozer um pouco esmagando-os suavemente. Adicionei o atum e o arroz escorrido. Envolvi tudo, e foi só um minuto ou dois ao lume sempre a mexer com a colher de pau.
Servi com cebolinho picadinho.
Quando levava a primeira garfada à boca, toca o télélé. Era o xor agente da autoridade.
- Ó xor agente! Quer o quê? Mas qual declaração amigável? Aqui ninguém bateu nem ninguém desmaiou... esteve por pouco... Ok! Ok! Leve a receita e deixe-me jantar sossegada!
- Ui!!! Que gostosura!!! E que compostinha eu fiquei!!!
* jantar para uma pessoa, euzinha ;)