... para a saída de laurear a pevide, ontem à noite e, a latinha a fazer-se de esquisita!
A semana que passou foi do mais entediante que se passa imaginar e ontem ao acordar disse assim para a família felina feliz:
- Meus meninos! Logo à noite vou pôr as patas fora desta tasca! Ai vou vou!
Eles, primeiro a olharem-me fixamente e depois uns para os outros, numa troca de olhares e mexer de bigodes:
- Ai vais?! A que horas sais mesmo de casa hein?! E com quem?!
- Ó meninos! Francamente! Ond'équ'isto já chegou? Satisfações? A vocês?
- Ah pois! Quando acordas com ideias... hummm... é preciso muita cautela!
O dia decorreu normal e até mais animado do que os anteriores, pudera, a ideia estava lá... tudo voou e desandou nas minhas mãos e depressa chegou a hora de sair.
Chegada à garagem, a latinha mostrou-se em sintonia com a familia felina feliz. Dou à chave e nada, mais uma volta na chave e nada, um barulho estranho, e nada...
- Mau! Então tu também? Não queres colaborar? Não queres sair nem deixar sair?
Mais uma volta na chave, um esforço terrível para dar qualquer sinal de querer pegar.
- Mau! Mas tu queres contrariar-me? Olha que pego já no rasteirinho da Titó e tu ficas de castigo!
Mais uma volta na chave e a muito custo, lá pegou! Deixá-la trabalhar uns minutitos, umas aceleradelas, engatar a marcha à ré e lá sai ela como se nada a contrariasse. Atrás e já na rua, ouvia-se:
- E vamos nela assim?
- E se pára pelo caminho?
- E se ao voltarmos para a tasca ela não pega outra vez?
Eu, na minha calma usual:
- Não se preocupem... se não pegar, empurra-se! Se não andar, chama-se a assistência em viagem e vem de charola!
A minha querida latinha, ao ouvir estes pressupostos todos, arreganhou um belo sorriso na farolada dianteira de xenon e sem hesitações levou-nos e trouxe-nos aos destinos.
- Linda menina hein! - eu para ela, a mimar-lhe o capot e fazer-lhe festinhas nos espelhos laterais.
- Hummmm!!! Minha dona mais querida!!! - a minha latinha a colear-se de satisfação.
- Hey! Mas olha lá! Isto não vai ficar por aqui! Amanhã vou ligar ao teu médico de família e vais à consulta!
- Consulta? Mas eu estou bem! - ela com ar enjoado, tadita, detesta ir ao médico. E eu, diga-se de passagem que também não gosto nada de a lá levar. É que consultas da especialidade automóvel são sempre uma caixinha de surpresas. Nunca se sabe ao certo o que o doutor vai receitar, embora já tenhamos na ideia um rabisco do diagnóstico.
Hoje, a meio da tarde, lá vou eu e o Nino, com ela à consulta. Pelo caminho, um monólogo...
- Está bem lavado este carro, está está!
- Olh'ó tablier cheio de pó!
- Quem é que andou com os pés aqui? E ali?
- Olham'estes tapetes cheios de cinza!
Ao que eu respondia:
- Tum tum tum oliveira matos, no rego do... piiiiiii!
Chegados ao consultório do xô doutor, fomos logo atendidos. Abriu-lhe a porta barrigal, olhou-lhe p'áquelas tripas todas, testou aqui e ali, ligou-lhe um computador e, tungas! Diagnóstico completo!
-»Bateria
-»Erro de chave
-»E mais um erro qualquer que já não m'alembro!
Seguiu-se a medição da bateria, a extracção das velas. Bateria fraquinha fraquinha, velas impecáveis. Desmontagem de uma parafernália de coisas esquisitas (estas entranhas motoras são complexos, bolas!), montagem da bateria nova e mais potente (yes! Agora os arranques dão mais pica), montagem e verificação de mais uns orgãos esquisitos que não percebo nada e pronto! Consulta paga! Vá lá que o xô doutor de família é nosso amigo e a coisa ficou mais em conta, próxima consulta semi-agendada para já daqui a quatro mil quilómetros (e esta vai doer mais, substituição da correia de distribuição...) e regressámos à tasca num arranque apoteótico e em ameno diálogo...
- Eu sempre disse que era a bateria! - ele todo inchado.
- Pois disseste, mas eu também nunca disse o contrário! - eu, na boa.
- Começaste a dizer que eram as velas! - ele a querer conversa.
- Eu só disse que poderiam ser as velas! - eu, na boa.
- Por aquele tró-tó-tó-tó-tó-tó via-se logo que era a bateria! - ele a puxar pó desatino.
- Mas o único som que conheço de bateria é tchum tchum tchum tchecapum tchecapum pum pum! - eu, na música do costume.
E é assim, que um casal destrambelhado de todo, disserta ácerca de uma gripose da latinha da menina!
Ah! E depois de tudo isto, alguém quer saber onde foi a saída nocturna? Mesmo que não queiram, eu digo... eheheheh
Esta tachada de açorda de marisco e umas valentes bejecas, para inchar ainda mais aquela zona complicada de nome extremamente confuso, estomaco-abdomino-adiposo!
E... e também querem saber onde? Pronto, ok ok, mesmo que não queiram, eu digo... eheheheh
Onde se come muito bem
Seja pobre ou seja rico
Sem distinção para ninguém
P.S.: Não há foto das bejecas porque pode impressionar os mais sensivéis!
P.S. I: Prometo que depois de ir uns diazitos de vacaciones volto a fazer posts com algum jeito!
P.S. II: Amanhã há sardinhada! Se eu encontrar sardinhas...