Primavera

O relógio acaba de marcar 11h44m... a campaínha toca, abro-lhe a porta e ela entra de mansinho, linda, airosa e formosa, a toque de uma suave brisa no ar e de um sol resplandecente... anuncia a sua chegada sacudindo com delicadeza o seu antecessor, o senhor Inverno, que lhe vira as costas, respingando sem razão e sai sem se despedir levando consigo nuvens de chuva, neve, granizo, temperaturas baixas e vendavais... segue austero o seu caminho para outras paragens, e regozija-se porque irá voltar passadas mais três estações.

Graciosa e bem segura, a Primavera instala-se... traz na bagagem folhas e flores cheias de cor, cheiros perfumados que espalha no ar sem hesitar, passarinhos a cantar... ninhos de amor, sementeiras a brotar, borboletas que esvoaçam, umas pelos campos outras pelas barrigas dos casais apaixonados. A Primavera tem este dom de paixão, paixão intensa vivida entre todas as espécies de seres vivos... ela é a voluptuosidade na Terra, na Água e no Ar, é a Dama das quatro estações de uma soberba nobreza a que nada nem espécie alguma fica indiferente. Ela é... a Primavera!